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maio 26, 2010

Distribuição de comida nas ruas - uma polêmica antiga

       Já faz alguns dias um assunto andou circulando pelos programas de televisão, trazendo de volta uma antiga polêmica: é ou não válido distribuir comida às pessoas que vivem nas ruas? Será que esse tipo de ajuda surte algum efeito prático? As pessoas que moram nas ruas são mesmo apenas meros necessitados ou bandidos disfarçados prontos para atacar até mesmo àqueles que lhe oferecem ajuda? As perguntas foram muitas e as respostas se diviam em contra e a favor. De um lado a turma daqueles que acreditam que essa ajuda, se por um lado não resolve em definitivo os problemas dos necessitados, pelo menos minora a dor deles. Do outro lado estão aqueles que não acreditam nesse tipo de ajuda e que além de verem os moradores de rua como bandidos, trazem na boca de cor aquele antigo ditado: mais vale ensinar a pescar do que dar o peixe.
          Como participante de um grupo de pessoas que faz distribuição de sopas pelas ruas do centro da cidade do Rio de Janeiro todas as segundas-feiras, faço parte do lado dos que acreditam que esse tipo de trabalho é, além de válido, necessário, urgente e impressindível. Não só pelo lado humanitário e cristão, mas pelo fato de eu mesmo um dia ter me servido desse tipo de trabalho quando enfrentei meus dias de rua.
          Por outro lado, também entendo que o que falta é trabalho, ou seja, a pescaria que deve ser ensinada. Essa gente não deveria estar sendo "alimentada" nas ruas e sim empregadas dignamente para poderem comprar sua própria alimentação e pagar por sua moradia. A rua não pode ser a casa de ninguém. Não imagino que, fora os casos de demência, uma pessoa viva na ruas apenas para poder receber alimentação e ajuda. É difícil pensar que isso seja verdade, embora tudo seja possível neste mundo, não?
          Por experiência própria e através da distribuição da sopa sei que os tipos são muitos: tem desde o cara que perdeu o emprego e não conseguiu outro, tem o que perdeu a casa na enxente, tem a família que foi despejada por não pagar o aluguél, tem o que cara que acabou de sair da cadeia, tem o malandro, o alcoolatra, o viciado em drogas, tem o doente que se vale da doença, tem a criança que fugiu de casa... O que não falta é história. Porém, o que não se pode é generalizar, dizer que isso é problema do governo e lavar as maõs, a lá Pilatos.
          Por seu lado, os representantes do governo aparacem na televisão dizendo que tem vários abrigos e  pede ao povo que não dê esmola, para forçar os moradores de rua a procurá-los. Não é o que a experiência e os depoimentos ouvidos nos provam. A situação dos abrigos é lamentável e a ajuda que eles oferecem se resume a um lugar para dormir e um café da manhã, o que não resolve a vida de ninguém.  O que essa população de rua precisa é ser cadastrada, como se faz com as pessoas que trabalham nas ruas, por exemplo, e ter cada caso estudado para que se encontre uma solução. O que não pode é pedir que a sociedade civil simplesmente feche os olhos para o problema propondo que não se dê comida a quem tem fome.

maio 23, 2010

Aprender a pedir.

          Outro dia, meio sem querer, pois não era dirigida a mim, ouvi uma frase que me fez parar para pensar. A frase em questão foi dita por  um rapaz para justificar seu novo estado de alma. Ele disse mais ou menos isso: "Agora tudo mudou para mim. Uma amiga me ensinou que para Deus nos ajudar, a gente tem que pedir. É o que eu tenho feito: estou pedindo tudo para Deus." Acredito que a convesa não terminou por ai, mas o que ouvi foi o bastante para que eu me jogasse de cabeça numa meditação sobre o assunto.
          Em primeio lugar, me dei conta de que eu também as vezes me esqueço dessa prerrogativa que Deus, o Pai Todo-Poderoso, nos dá: o de se dirigir a Ele com nossas queixas e pedidos. Quase sempre me colocava naquela condição daqueles que pensam que se Deus tudo sabe, também deve saber das minhas necessidades e, por isso, eu não precisava ficar o tempo todo pedindo ou lembrando a Ele para que não se esquecesse o filho Dele aqui. Talvez seja aí que eu, e acho que muita gente boa também, estava redondamente enganado. Deus precisa que eu me manifeste, que eu fale dos meus desejos, que eu divida com Ele os meus planos e metas. Só assim, como parte integrante daquilo que faço ou planejo fazer, Ele pode me ajudar.
          Foi essa a conclusão que eu cheguei depois de ter ouvido aquele rapaz. Para ele os problemas continuavam a existir, só que agora ele , depois do alerta recebido da amiga, tinha com quem dividí-los. Deus, com certeza, passou a ajudá-lo nas soluções dos seus problemas tornando seu fardo menos pesado.
         Em segundo lugar, conclui que eu estava precisando ouvir aquilo. Mais uma vez precisei dar o braço a torcer e admintir que Deus não costuma vir "pessoalmente" para ajudar os Seus filhos, Ele, geralmente, manda os seu anjos. Só que não são aqueles anjos tradiconais branquinhos, lourinhos e com asas. São anjos de carne e osso. Eles podem vir na forma de um amigo ou mesmo inimigo, conhecido ou desconhecido. É preciso estar sempre alerta. As mensagens estão sempre espalhadas por aí. Basta prestar atenção no que se passa à  nossa volta. Por ouro lado, nunca podemos esquecer que nós, eu, você e todo mundo, podemos também estar, vez por outra, no papel de anjos na vida de alguém. Quanta responsabilidade!

maio 19, 2010

Viver a vida - última emoção.

          É de opinião geral que a novela global, Viver a vida, ficou devendo (e muito) no quesito emoção. Todos concordam que a novela não chegou lá, não aconteceu. Embora, creio, essa devia ser a intenção do autor, Manoel Carlos: uma novela que fugisse do esquemão, onde a vida corresse sem muito maniqueísmo. As pessoas eram o que eram, nem boas nem más. Apenas pessoas com sonhos normais, ambições normais. Confesso que preferiria que a novela tivesse seguido o esquema normal maniqueista de sempre que é disso que o povo gosta. Essa coisa de jogo terminar zero a zero... Mas essa é uma outra história. Estou escrevendo para falar do último depoimento apresentado pela novela, o do pianista João Carlos Martins.
          Foi supreendente ouvir sua história e saber do número de vezes em que ele se viu diante da possibilidade de ter de abandonar a música e que, levado por um amor extremado por ela, deu a volta por cima em todas elas. Isso que é paixão! Com sua história, ele emocionou a todos e acabou dando a novela seu momento de maior enlevo, como diria o Nilson Xavier do site Dramaturgia. O que faltou de emoção na novela, sobrou no último depoimento. Elenco e equipe reunidos, painéis ao fundo mostrando os depoimentos que passaram durante o período de exibição da novela e João Carlos Martins regendo sua orquestra.
         Bela história de superação. Não desprezando nenhum dos outros depoimentos apresentados, o de João Carlos Martins realmente emocionou e deixou claro que nada pode nos abater quando temos uma meta, um alvo. Ele soube pegar o limão e fazer a limonada. E que limonada!

maio 15, 2010

A história do limão

             Eu sei que essa história é velha: quando aparecer um limão, faça uma limonada.    Em dias de calor, não vejo outra pedida, até porque uma limonada gelada é sempre muito bem vinda, não é mesmo? Só que a questão não é essa. Falo daqueles momentos em que nos vemos diante de problemas que, embora pequenos, nos deixam com vontade de mandar todo mundo para "aquele lugar", comprar uma boa briga, ou seja, não deixar barato. Não vai me dizer que você nunca viveu uma situação dessas, ou mesmo levantou da cama com o pé esquerdo? Basta alguém esbarrar em você na rua para seu mundo vir a baixo e você ter uma reação daquelas de fazer  todo mundo parar para assistir o seu "barraco".
          Tem gente que tem como lema não levar desaforo para casa. Por qualquer coisa vai logo perdendo a cabeça. Não admite sair perdendo em nenhuma situação. Como se sair  brigando com todo mundo fosse resolver alguma coisa... Briga-se, discute-se, em muitos casos provoca muito barrulho, confusão e não se resolve nada. Tem um conhecido meu que está sempre reagindo a tudo. Briga por qualquer coisa. Sabe o que acontece com ele depois? Passado aquele momento de raiva, fica morrendo de vergonha. As vezes, chega a não sair de casa pensando que todo muito vai ficar olhando para ele.
          Esse tipo de situação acontece muito no transito, na rua, em fila de banco, supermercado e etc.( filas em geral), nos bares... Tem sempre alguém cortando seu carro no momento errado, entrando na sua frente na fila do banco ou do supermercado, jogando fumaça de cigarro na sua cara, falando alto  no celular do seu lado, enfim, coisas que irritam e podem levar você a uma reação nada simpática.
          Portanto, para não acontecer como acontece com aquele meu conhecido que eu citei lá em cima, a saída é respirar fundo e seguir em frente. Sei que isso é difícil e para alguns, praticamente impossível. Mas não tem outro jeito.  Sabe por que? Porque você corre  o risco de ficar morrendo de vergonha, como o meu conhecido, e nem querer sair de casa. Além disso, tem a sua saúde. Não vá se aborrecer à toa por aí correndo o risco de ter pressão alta, até mesmo um ataque cardíaco. Nada disso. Releve aquele encontrão, aquele patrão chato e mandão, seu companheiro (a) incompreensível, o vizinho que não dá bom dia, desculpe aquele motorista barbeiro, aquele escandaloso falando aos berros ao celular. Quando muito evite essas pessoas e situações. Ah, se afaste também dos fumantes mal-educados, que existem em grande número por aí. No mais, siga seu caminho sem se irritar ou aborrecer. Lembra daquela história da limonada?

maio 08, 2010

Uma rosa com amor

          Aqui estou eu, novamente, voltando ao tema: novela. Desta vez para falar da novela do SBT, Uma rosa com amor. Sabemos que esta emissora jamais primou por dar continuidade a seu núcleo de novela. A vezes produz novelas importadas dos paises, nossos vizinhos, de língua espanhola ou apresenta  do original, literalmente, outras vezes tenta reproduzir novelas que foram "sucesso" em outros canais e até "ressuscita" novelas como foi o caso de Pantanal, Xica da Silva e Dona Beija, ambas da falecida Tv Manchete. Quase nunca produz novelas orginais. Isso, de início, já deixa todos de pé atrás.
          O mesmo acontece agora com Uma rosa com amor. Sílvio Santos, o dono do canal, parece ter comprado as novelas que Vicente Sesso escreveu como contratado da Tv Globo nos anos de 1970. Até aí nada de mais, além, é claro, do fato de nosso amigo Sílvio Santos ter o dom de querer produzir apenas aquilo que foi testado e aprovado. Creio que ele não é dado a investir no novo, no desconhecido. A meu ver, um grande erro. As novelas já produzidas, quando o foram, tiveram seu momento e sua razão de ser. É raro o ramake que repete o sucesso e empatia da primeira versão. Salvo, é claro, as novelas que a Ivani Ribeiro reescreveu para a Tv Globo, a maioria ramake de sucessos dela na Tv Tupi. Faço lembrar também os ramakes do próprio SBT (Éramos Seis, As púpilas do Senhor Reitor e até Sangue do Meu Sangue, do mesmo Vicente Sesso) que foram boas produções e que não fizeram feio. No mais, até a Tv Globo patina no IBOPE quando tenta refazer suas próprias novelas ( as de Janete Clair são verdadeiros fiascos e Ciranda de Pedra, simpática novela dos anos 1980, ficou, irreconhecívelmente,  ruim) que foram grandes sucessos.
           Devo salientar o fato de que os ramakes da Globo quase sempre são praticamente novas produções com o erro grave de ser conduzidos por autores renomados e com universos muito diferentes daquele do autor original. Dias Gomes com Irmãos Coragem, Glória Perez com Pecado Capital são dois bons exemplos desse desastre.
          Porém, Uma rosa com amor parece não seguir esse caminho. Tiago Santiago não fez modificações muito grandes no original e demonstra um certo respeito à obra. Isso é bom, pois não a descaracteriza, Por outro lado, a novela é dos anos 1970, uma época em que as novelas eram mais lentas e o público não se importava com isso. Situações de fácil solução se arrastavam por semanas e o público se mantinha fiel. Hoje as coisas são diferentes. Com o surgimento e popularização de várias tecnologias, o público se tornou mais exigente. Não suporta mais tramas arrastadas e um tanto bobinhas.
          Posso afirmar que Uma rosa com amor não é uma novela ruim. Pelo contrário, tem uma produção esmerada e que até merece meu aplauso. O elenco, salvo alguns equivocos como Isadora Ribeiro como Roberta Velmont ( parece que ela viu a versão original e tenta imitar a nia Carreiro) e Mônica Carvalho como Nara Paranhos (que embora bonita e lembrando a Yoná Magalhães, não passa a maturidade que o papel precisa), o restante cumpre bem a tarefa. Destaque para Jussara Freire (sempre boa), Bete Faria ( surpreedente), Edney Giovenazzi, Etty Frazer( dá saudade da Tv Tupi da minha infância) e muitos outros.
           Não seria demais pedir ao Tiago Santiago que imprimisse um ritmo um pouco mais acelerado para as tramas, além de melhorar, seu maior pecado, os diálogos. As vezes chegam a parecer um tanto caóticos ou com fumaças intectualóides, ou seja, chatos. Além de lembrar que essa trama, hoje em dia, tem um pouco de dificuldade de convencer. Essa história de solteirona que obedece cegamente ao pai... Sei lá. Hoje, uma moça como Serafina Rosa ( que nome, hien?) que trabalha, já teria dado seu grito de inependência. Até o Pimpioni talvez esteja um tanto perdido nos nossos dias. A única coisa que continua extremamente atual e que não foi muito explorada é a solidão. Serafina mandar flores para ela mesma figindo recebê-las de um namorado  imaginário, merecia ter sido mais explorado. Mas o verdeiro senão é o horário. Não pederia ser pior. 20:15 não é um bom horário. Talvez esteja aí a raiz do problema da audiência ainda não ter decolado como está merecendo.
          No mais, é torcer para que o Sílvio Santos não bote tudo a perder com sua mania de caçador de tesouros perdidos.
  

maio 07, 2010

Tempos Modernos - a novela

            Eu sei que todos ficam pensando o que leva uma pessoa a escrever sobre novelas de televisão, programa que muitos afirmam não assisitir (não é o meu caso), com tantos assuntos, digamos, mais na ordem do dia. Mas, calma, eu explico. Não desejo falar exatamente da novela das sete da Tv Globo, Tempos Modernos. Embora a novela seja um assunto palpitantem, a começar pelo título.
          Acredito que, como eu, muitos pensaram que viria pela frente uma novela daquelas que iriam revolucionar a, atualmente morna, dramaturgia nacional. Que nada! Trata-se de uma trama confusa, requentada ( aquela trama dos apaixonados que se julgam irmãos, é o fim) e que a modernidade do título é promessa falsa. Não posso deixar de falar daquele robô com voz filme dublado, antigo.
          A trama lembra, não sei se propositalmente, a peça Rei Lear do Shakespeare. A velha história do Rei Lear, seu reino e  suas três filhas. Essa peça do Shakespeare já foi "adaptada" em, pelo menos, duas novelas: uma na antiga Tv Tupi,  que se chamava "Roda de Fogo" e outra na Tv Globo, batizada de "Suave Veneno'', do Aguinaldo Silva. Nenhuma das duas foi sucesso. Pelo contrário. A da Tv Tupi, criada, inicialmente, pelo Sérgio Jockman, só serviu para levar a emissora ainda mais para o buraco. A da Globo, uma tentativa do Aguinaldo Silva de deixar para traz o tema "nordeste povoado de seres estranhos", também ficou a desejar. Ou seja, essa peça, no que diz respeito à adaptação, é uma verdadeira "caveira de burro". Porém, parece que o nosso amigo Bosco Brasil não sabia disso. Egresso do teatro, ele deve ter achado o máximo a referência a Shakespeare. Deu no que deu.
          Agora, o que me  leva mesmo a escrever é o número de vezes que a Rede Globo tem errado em suas novelas. Nos últimos tempos é raro a novela que dá certo. Das que estão no ar, nenhuma chega a ser sucesso. Malhação se arrasta há anos, Escrito nas estrelas, ainda não aconteceu, Tempos |Modernos vem sofrendo modificações para ver se pega no tranco e Viver a vida, simplesmente não conseguiu contar uma história que, no mínimo, envolvesse o público.
         Isso tudo me leva a uma pergunta: será que na Globo não existe um departamento que analisa as histórias das novelas que vão ser produzidas ou a emissora perdeu o tão aclamado "konow-how"? Fico sem saber. Porque não dá para acreditar que as histórias não sejam submetidas à algum tipo de apreciação. Pelo que sei, os autores fazem sinopses onde detalham suas histórias e através desse detalhamento pode-se saber se uma história é boa ou não.
         Não é de mais dizer que alguém está dorminndo no ponto ou as histórias apresentadas são tão ruins   que o que sobra é o que vemos no ar: histórias sem conflitos verdadeiramente consistentes onde a busca dos personagens não se justifica através de suas falas e ações. Tudo é apenas pretexto para se fazer merchadizing.