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setembro 12, 2010

Nosso lar - o filme

     Antes de qualquer coisa, gostaria de expressar o quanto gosto desse livro. Na minha opinião trata-se do livro mais esclarecedor quanto a vida depois da vida (ou da morte, como preferir). Nesse livro, creio que pela primeira vez, tem-se uma ideia geral de como se vive no além túmulo, dá-nos uma visão de que tudo continua e que a vida na terra é apenas um meio pelo qual podemos nos tornar seres melhores e nos aproximar mais do Criador. A ideia da morte como a pior coisa que pode acontecer a um ser vivente, como injustiça, como terrível castigo (como nos apresentam os novelistas de plantão) ou a morte como descanso eterno (vide Igreja Católica) deixa de existir depois de sua leitura.
     Nosso lar, o livro, nos leva a tomar consciência da nossa total responsabilidade diante de tudo aquilo que nos acontece de bom ou de ruim. Nada nos acontece por acaso, pois somos os causadores diretos e indiretos de nossa felicidade e de nossas vicissitudes. É isso que André Luiz vai descobrir de forma, inicialmente, dolorosa através de sua passagem pelo Umbral, lugar parecido com o inferno que a Igreja Católica nos  apresenta. Ali em meio a todo tipo de gente com seus problemas, dores, gritos, lamentos, demência, fome, cede, defeitos trazidos de sua vivência na terra ele vai finalmente curvar-se e com humildade pedir a ajuda divina. E Deus vai atendê-lo através de Clarêncio e sua equipe que o recolhem e o levam para a colônia Nosso lar.
     É nessa colônia espiritual que André Luiz vai tomar consciência de que é um suicida, que sua morte não foi tão natural quanto ele imaginava e que podemos deliberadamente causar a morte de nosso corpo mesmo que isso pareça natural, através dos excessos. Excessos que podem ser de bebida, comida, sexo, drogas, maus sentimentos e tantas outras coisas. Mais do que isso, ele vai aprender que ali os títulos terrenos não valem, que há regras a seguir, que tudo se consegue pelo trabalho, pelo esforço próprio, que precisamos  ajudar uns aos outros, aceitar os designos de Deus, e que ali não é o céu. Como a terra, a colônia é um local de passagem entre uma encarnação e outra e que é preciso se preparar para voltar à terra, nosso palco de lutas.
      Poderia continuar indefinidamente falando do livro Nosso lar, mas a postagem é para falar do filme e vamos a ele: em primeiro ligar é preciso elogiar tal iniciativa. Levar Nosso Lar ao cinema é algo bastante oportuno e ver os cinemas cheios, um grande prazer. O livro, a espiritualidade, Chico Xavier e todos nós merecemos que isso aconteça. O filme dá um amplitude maior para tudo, principalmente àqueles que por falta de cultura, desconhecimento, preguiça ou qualquer outra coisa ainda não conhecia a obra. Através do filme muito mais gente terá (está tendo) acesso às informações do livro e, por que não dizer, à doutrina espírita. Por isso, palmas para o filme e todos os seus realizadores.
     Apenas alguns senões ( coisa de gente metida a perfeccionista como eu), o filme carecia de um roteiro mais pungente, a coisa parece correr meio frouxa; talvez o ator que faz o André Luiz devesse ser outro, Renato Prieto é um excelente ator com uma militância no teatro espírita que o credenciou para o papel, mas não acho que ele conseguiu chegar lá, parecia estar o tempo inteiro como quem acaba de chegar e ainda não entendeu o que faz ali, o que é uma pena; outro ponto é adaptação que abriu mão de coisas que seriam mais esclarecedoras para o público, diminuindo papéis (como é o caso de Laura, interpretada pela atriz Ana Rosa) e suprindo outros; e quanto ás locações, não creio que uma fortaleza militar fosse o melhor lugar para situar uma colônia espiritual, questão de opinião.
     Nos acertos quero acrescentar a direção (correta), a música ( muito boa), os efeitos especiais (na medida certa) e a presença do ator Fernando Alves Pinto, o Lísias, o ator conseguiu passar toda emoção do personagem, é a melhor interpretação do filme. Outro destaque fica para a atriz Selma Egrei, como a mãe de André Luiz, presença verdadeiramente luminosa.
      Depois de ler tudo isso, esqueça, e veja o filme.

P.S. Não podia deixar de falar na presença das atrizes Chica Xavier ( irrepreensível) e de Aracy Cardoso ( notável).