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novembro 16, 2013

O negro na teledramaturgia brasileira.

     O assunto é bastante espinhoso e muita gente prefere nem abordá-lo e muitos chegam a negar que o problema exista. Mas não dá para ficar calado diante de uma realidade tão latente: a questão da presença do negro (atores negros) na dramaturgia brasileira, sobretudo nas novelas
     Parece que os autores de novelas, não se sabe bem porque razão, ignoram a existência de negros no nosso país e criam apenas personagens ditos brancos em suas histórias. Agem como se o nosso país fosse apenas habitado por brancos e que os negros não fizessem parte efetiva da população da nossa terra.
    Todos sabemos que o Brasil é um país de grande mistura de raças e que a presença negra é muito forte e não pode ser negada ou passar despercebida como se fosse apenas uma pequena parcela de nossa sociedade e que não mereça grande atenção. Basta andar nas ruas para perceber o quanto somos "misturados" e como na vida "real" negros e brancos convivem sem muito atrito ou diferenças.
    Mas em se tratando das novelas não é bem assim  que a coisa acontece. Negros e brancos vivem em mundos completamente diferentes e quando têm algum tipo de relacionamento, esse se dá sempre por algum tipo de subjugação de uma parte ou da outra. Ou o negro é empregado e por isso quase sempre maltratado pelo branco ou o negro surge como algum tipo de ser marginal que subjuga a boa gente branca.
     Pode parecer exagero, mas é assim mesmo que a coisa se dá. Na cabeça dos autores, os negros do Brasil não formam família, não casam, não amam (e naturalmente, ponto forte das novelas, não sofrem por amor), não ambicionam subir na vida, não empreendem, enfim, não fazem nada e, quando aparecem, é para fazer algum papel que poderia ser dado para qualquer outro ator.
    A desculpa é que não existem atores negros no mercado ou que eles não costumam ser bons atores. Sabe-se que isso não corresponde à verdade.
     Essa é uma realidade triste. O nosso país é grande e populoso. Temos milhares de atores negros por esse Brasil afora que não podem sequer sonhar com uma vida digna na profissão. Atores negros estão sempre relegados a segundo (seria, na verdade, terceiro ou quarto) plano. Muitos são desencorajados de se tornarem atores, pois não teriam chances no mercado de trabalho que só quer saber dos atores tidos como brancos.
     Quando vai acabar isso? Quando o negro será visto em nossa dramaturgia vivendo o seu verdadeiro papel? Não sabemos ainda. Mas sabemos que algo precisa acontecer e precisa acontecer urgente. Fala-se em cotas, Seria essa uma saída? Talvez. Afinal de contas, o que não acontece naturalmente precisa acontecer pela força da lei.